sábado, 31 de dezembro de 2011

O último de 2011

Geralmente, eu inicio a última postagem do ano definindo o que foi o ano em uma única palavra. No entanto, dessa vez não será possível. O ano de 2011 foi marcado por extremos: saúde e doença, raiva e amor, desencontro e reencontro, quebra e construção de laços... e não há meio termo capaz de expressar essa montanha russa que é a vida. Portanto, deixo apenas meus votos sinceros que depois dessas idas e vindas, subidas e vencidas, ainda tenhamos energia para seguir em frente.

E é claro, os livros lidos esse ano. Foram poucos, porque a faculdade me sugou mais do que nunca:

1- "Jane Eyre" - Charlotte Bronte
2- "A Desobediência Civil" - Thoureau
3- "L'étranger" - Albert Camus
4- "Sense and Sensibility" Jane Austen
5- "O Resgate no Mar (pt. 1)" - Diana Gabaldon
6- "O Resgate no Mar (pt. 2)" - Diana Gabaldon
7- "O Perigrino da Alvorada" (As Crônicas de Nárnia) - CS Lewis
8- "A Cadeira de Prata" (As Crônicas de Nárnia) - CS Lewis
9- "A Última Batalha" (As Crônicas de Nárnia) - CS Lewis
10 - "The Count of Monte Cristo" - Alexandre Dumas

Feliz Ano Novo! 

sábado, 15 de outubro de 2011

Um, dois, três. Volte e cante.

Um. A única coisa que ela lembrava daquela época eram os dias nublados de Outubro. As nuvens carregadas movendo no céu cinzento, as sombras nos prédios, o verde da grama recém-cortada. E mesmo assim, um ano inteiro não se comparava à sensação de felicidade daqueles meses... A brisa gelada no rosto não era nada comparada ao calor que sentia por dentro. Um coração envolto em lençóis de uma esperança sem tamanhos. E tudo que conseguia lembrar era o barulho das gotas de Outubro, que, mal sabia, iriam se manchar com o vermelho de uma ausência infinita. Aprendera, com o barulho da chuva, a formar uma melodia.

Dois. Sorvete e uma música que não conseguia sair da sua cabeça. Os tons, ela já tinha decorado. Afogava-se cada vez mais, afundando na melodia, na clave de sol, no meio-tom. Malditos sustenidos. Sabia da necessidade de aprender outra canção, mas ainda não conseguia deixar aquela ir embora. Dó. Dó. Dó. Repetidas vezes no piano. E nenhuma delas fora tocada q

Três. Ausência, memórias, decepção. Vazio. A época da chuva passara e as águas levaram toda aquela alegria, que escoou pelos bueiros das estradas, foi absorvida pelo solo ou simplesmente evaporou, dissolvendo-se em moléculas ou pequenas partículas imperceptíveis, como um disco guardado na gaveta e parcialmente esquecido. Aquele disco que o dia-a-dia faz esquecer, mas que você nunca vai deixar de gostar de cada música, cada letra e fotografia estampada. Como algo que se foi, mas ainda existe.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Reencontros

Li em um livro, certa vez, que quando ficamos muitos anos sem ver determinada pessoa e voltamos a encontrá-la temos um momento incicial de choque em que pensamos que ela mudou em tudo. O mesmo livro afirmava que após esse primeiro momento, tal pessoa voltava ao normal e então percebíamos que na verdade ela não mudara substancialmente. Não sei se concordo totalmente com essa afirmativa tão categórica. Pessoas são diferentes e é, exatamente por isso, que elas encaram a mudança de formas distintas. Entretanto, em um aspecto talvez o livro tenha razão: existe uma essência que permanece. Algo como um resquício de perfume, uma mancha de batom, uma cicatriz que nunca abandona o corpo. Em um segundo, a pessoa está lá, como uma extensão do seu próprio ser, um anexo a suas curvas e no minuto seguinte... assim, como se fosse de repente... ela desaparece. E então, aquela ligação, mais forte que Pontes de Hidrogênio, se dissolve na leveza insustentável do ar! Mas é justamente quando todas as esperanças estão perdidas, quando não se fala mais no passado, quando as fotografias se perderam e as flores dadas murcharam... é nesse momento, que a pessoa decide voltar. E aquele choque inicial cai como uma pancada na cabeça: ele mudou, você mudou, e agora vocês dois compartilham experiências que nunca tiveram juntos. Um passado não comum, lembranças particulares, um conjunto não vivido e uma música nunca tocada. Uma lacuna em uma história, um buraco no meio do papel... Mas a tinta ainda está lá... e você sente como se pudesse apreciar o cheiro fresco... Todavia, ela está manchada. O papel está manchado com o vazio que foram aqueles anos. Ainda existe uma essência... mas ela está obscurecida por todos os momentos que vocês não passaram juntos.

Esse ano reencontrei dois amigos da época do Colégio. Amigos que eu não via há cerca de 3-4 anos. Esses anos pareciam pouco para mim. Eu sempre achei que levava mais anos para alguém mudar tanto. Mas não sei dizer, e isso me fez pensar: será que alguma coisa nesse mundo dura para sempre? Existem tantas pessoas que eu gostaria de reencontrar, mas só de pensar me dá um frio na barriga.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Play

(Comes Lady Groundlander with her nurse. Hendell is hidden behind the bush)
Lady G.: Oh, Oh, dark, darkest night I've ever had! How sad is the moon in this lonely night! 
Nurse: Be patient, child! Everything has a time. It was not your fault, but the destiny. God will guide us. Be calm! Wait for me here, I will see if your beloved parents are not ill!
(The nurse left. Hendell appears.)
Lady G.: Oh, Hendell, my dear friend. Is that you, the shadow that comes so slowly?
Hendell: Yes, my lady, it is your humble serve who comes to relieve you.
Lady G.: What a sad day, Hendell! Did you know about the notices?
Hendell: Yes, beautiful lady. I knew by the afternoon. 
Lady G.: So you know that my heart is crying... My dearest one is gone and it was so cruel... He must have been suffering too much. I can't bear this. I cannot even imagine. 
Hendell: Calm down, my lady! Everything in this world is vain! Each person is trying to survive. taking the pieces of afection, carrying their faults with their shoulders... Death is nothing but freedom.
(pause)
Lady G.: But, wise Hendell, it is still a great suffering for those who are living... All the faults are ours, now. All the faults are ours...

sábado, 11 de junho de 2011

O estranho do Seabus

Era um dia como os outros. O céu nublado, as árvores que pareciam vindas de um filme de suspense ou terror, a brisa fria, cortante. Era um dia como os outros, mas ela se atrasara. Demorara mais de uma hora na livraria. Ah, os livros eram sua paixão. Desde pequena, ela os tinha como melhores amigos. Histórias de aventura, romance e jornadas. Mergulhava em cada descoberta, cenários novos, apaixonara-se por muitos personagens. Vivera muitas histórias. Tivera muitas vidas. E aqueles sete andares da livraria do centro da cidade. Não havia como não gostar. Ela sentia que pertencia totalmente aquele ambiente. Parecia um lar. As estantes coloridas, repletas de contos e descontos. De decepções, felicidades, sorrisos e lágrimas... assim como a própria vida. Ela se atrasou e ´seguia à estação emburrada. Escurecia e ela queria voltar o mais rápido possível, passar algumas horas antes de dormir com o casal de gêmeos, conversar com os hospedeiros e finalmente descansar a mente cheia e o coração vazio na sua cama gelada no porão. Seguiu para Waterfront, assim, distraída e entrou no seabus. Um ônibus marítimo que atravessava o pacífico para o distrito de North. Todos os dias pecorria esse trajeto de quarenta e cinco minutos, de árvores tristonhas e pássaros macabros, de águas escuras e ruas desertas. Mas se sentia em casa, mesmo longe de todos. Foi nesse dia, que ela a viu pela primeira vez. Sentado no banco do seabus, comendo um sandwiche, a mochila do lado com uma plaqueta escrito "University of British Columbia". Sentou ao seu lado como quem não quer nada. E ela não queria mesmo. Ele era alto, pálido, com os olhos claros, azuis ou verdes, não importava. O cabelo escuro, curto, tangenciando sua testa lisa. Ele parecia uma estátua de mármore, esculpida em perfeições simétricas. Mas simultaneamente à sua extraordinária beleza, havia uma solidão imensa. Uma solidão inexplicável. Talvez ele gostasse de viver assim, ela pensou. E foi a tristeza que a atraiu, que a puxou, que a fez querer abraçá-lo e dizer "eu te amo". O seabus parou com um balanço. Ele levantou e moveu-se desaparecendo pela a multidão, sem um sorriso, um olhar, algo que revelasse mais da sua personalidade. A mochila preta nas costas. University of British Columbia, precisava frequentar aquele lugar. Passaram-se dias e aquele rosto não saía de sua mente. Visitou a universidade na esperança de um encontro casual. Mas nada. Nada daquele ser solitário, fechado, reservado, cheio de insegurança e simultaneamente confiante de si mesmo. Perdera as esperanças até que um dia, voltando no seabus, encontrou-o novamente. Pensou em dizer-lhe "ei, eu sei que você existe", mas achou cliché demais. Saiu despreocupada do veículo, não ia pressionar o Destino. E acabou que ele veio até ela. Ela estava com seus fones de ouvido quando sentiu um dedo em seu ombro. Ei - ele disse com uma voz doce - eu não conheço você de algum lugar?". Ela virou sorrindo, uma felicidade genuína. Sim, ela o conhecia de seus sonhos, anseios, imaginação e idealização. Ela respondeu "Impossível, eu venho de longe". Ele estudava Filosofia, ela lia Rousseau. Ele era introspectivo, ela gostava de escrever.  Ele lia muito, ela vivia em livrarias. Os dois descobriram em cinco minutos o quanto eram estranhos e conhecidos. E ela quis dizer aquela frase de um filme famoso, mas se conteve. E ele quis abraçá-la, mas não pôde. Porque o ônibus 16 chegou naquele momento e ela nunca mais o viu.

domingo, 17 de abril de 2011

Aniversários

Nunca fui de ligar para presentes ou datas comemorativas. Natal, Ano Novo, Páscoa... nunca pedi presentes em alguma dessas ocasiões, exceto aos meus pais. Uma ligação desejando um bom ano novo bastava. Uma mensagem de celular dizendo "feliz natal" era suficiente. Nada demais. Uma linha, duas, eram o bastante. Entretanto, há uma data, um único dia entre os 365 que compõem um ano em que eu sempre espero mais. E não estou falando de jóias, flores ou bombons. Nem declarações ou presentes caros.
Aniversários.
Entre os 365 dias do ano em que passamos estudando, indo à academia, correndo, lendo livros ou textos para a aula de amanhã, adoecendo, trabalhando, ganhando dinheiro, às vezes não conseguimos parar para pensar naqueles que amamos ou que nos amam, ou que nos dedicam ao menos uma parte desses dias atribulados. Entretanto, há um entre esses 365 dias que constitui-se em uma ótima oportunidade de agradecermos, saudarmos, ou apenas dizermos o quanto essas pessoas são importantes para nós. E não é que elas sejam nossas razões de viver, mas apenas algo como "ei, eu gasto ao menos 1 segundo do meu dia pensando em você" ou "aquela música me lembra você" é simplesmente o suficiente. E esse dia, na minha opinião, é o aniversário de cada um. Não que seja proibido qualquer demonstração em qualquer dia, mas o aniversário é fundamental. E é por isso que eu me dedico tanto, procurando presentes ou fazendo-os com as minhas próprias mãos, organizando festas surpresas ou caça-tesouros, escrevendo cartões, desenhando o que não posso dizer com palavras, telefonando, ou me esforçando para escrever mensagens criativas nos diversos canais sociais eletrônicos. Ei, você faz parte da minha vida! Pode não estar nos meus 365 dias do ano, mas esteve em algum deles, e eu agradeço por isso.
E é por essa razão, que eu me decepciono tanto nos meus aniversários. Porque eu espero inconscientemente que as pessoas tenham essa mesma concepção de aniversários e que por algum motivo elas me considerem um pouquinho, ao menos 1/3 do que eu as considero, embora não consiga demonstrar sempre pela minha própria deficiencia em afeição e também pelos meus dias recheados de 30 créditos na universidade + 20 horas semanais de PET + atividades extras e idiomas.
Esse ano, a melhor parte foi descobrir que não importa a distância, amigo de verdade está lá. Seja por mensagens bonitas por celular ou pelas mídias sociais. Eles vão lembrar. Impressionante mesmo foi os que moram muito longe (Canadá e México, por exemplo). Infelizmente, em compensação, alguns que moram do seu lado, vão te decepcionar. Mas é a vida, e acho que devemos aprender a lidar com isso. Por outro lado, você sempre pode se surpreender, seja por uma mensagem ou um presente bonito, ou uma cartinha bem feita, ou até um desejo bem sincero.
E nesse dia tão especial vale muito mais que apenas uma linha.

Esse post não é uma indireta para ninguém, nem uma bronca para quem não lembrou ou fez muito pouco. É apenas para dizer a todos que amem. Mesmo que a recriprocidade seja difícil (acredite, ela é), não tenham medo de demonstrar aquilo que é importante. Porque os dias podem passar e os sentimentos mudarem. Demonstre, mesmo que seja apenas um abraço sincero, ou uma carta, um desenho, uma mensagem. E não esqueça de reservar aqueles que merecem, ao menos um segundo desse dia. Tenho certeza que para eles vai fazer tanta diferença quanto os 365 dias do ano.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Pequenas mentiras diárias

_ Oi, tudo bom?
_ Tudo ótimo, e com você?
(Resposta verdadeira: Tudo está péssimo, mas eu realmente não quero te contar)

_ E o seu namorado? Não veio?
_ Não, ficou estudando em casa.
(Resposta verdadeira: Eu não tenho namorado, mas preciso de uma desculpa para te dispensar)

_ Uma moça tão bonita... e não tem namorado?
_ Não, eu prefiro me focar nos estudos...
(Resposta verdadeira: Minha vida amorosa é um fracasso e minhas notas me consolam)

_ Meu bem, eu te amo, mas não estou pronto/pronta para um relacionamento sério.
(Resposta verdadeira: eu não quero namorar com você. E não, eu não te amo.

_ Vamos sair amanhã?
_ Não posso, tenho mil coisas para fazer...
(Resposta verdadeira: Não quero sair com você, por isso vou usar as coisas que tenho para fazer como desculpa, tá?)

_ Ué, você não está bebendo?
_ Não, estou dirigindo...
(Resposta verdadeira: Não posso, porque estou tomando anti-depressivo)

Essas pequeninas sufocam, não?

Postem as suas mentiras!

domingo, 27 de março de 2011

Lar, doce lar

Thomás estava sentado no meio fio da calçada. Atrás dele, apenas a porta semi-aberta de sua casa. Sentava com os cotovelos apoiados nos joelhos, meio cabisbaixo. Levara uma bronca da mãe e não suportava os olhares curiosos dos transeuntes. Mas, ainda sim, preferia ser alvo das pupilas daqueles desconhecidos, do que encarar a família na sala de estar. Derrubara um vaso ainda cedo e embora ter assumido a culpa tenha sido um atenuante o ato fora uma falta grave. A mãe gritara, e o pai reforçava com acenos de cabeça, como Thomás era um menino desastrado! Mas o que ele podia fazer? Não se sentia bem naquela casa e sim, derrubara o vaso de propósito. Jogara o maldito no chão, sem dó, sem piedade, sem ao menos um tanto de angústia, pois afinal o vaso era caro. Jogara com a vontade de um leão faminto, com a ânsia de um ser apaixonado. O motivo? Ele não sabia ao certo. Porém, tinha um palpite: era algo relacionado com a casa. Ah, aquela casa. Na esquina da rua ladrilhada. Uma casa bonita, porém opaca. Enfeitada, repleta de móveis, bem decorada. Ele não pertencia aquele local. De jeito nenhum. Thomás, aos seus 6 anos de idade, acreditava piamente que vinha de outro planeta. Um bem distante da Terra. Não conseguia entender as palavras dos adultos, as brigas mesquinhas, o papel sem valor que eles usavam para adquirir comida, roupas espalhafatosas que ninguém gostava, mas mesma assim usava porque estava toda hora naquela caixa chamada televisão. Não entendia o sistema bancário, a bolsa de valores, os discursos políticos, os assassinatos. Não entendia como podia gostar tanto de chocolate e desprezar o mundo que o criou. Sim, Thomás era um tanto esnobe. Desprezava as pessoas, as crianças e os cachorros. Não conseguia pertencer ao mundo. As árvores não pareciam reais, as ruas, as esquinas, os risos, era tudo muito superficial. Tinha que existir um outro mundo. Em sua cabeça, aquela voz de sempre dizia "quero ir para casa". Era sua própria voz que pedia, angustiada, por favor, Thomás, volte para casa! E não era aquela casa que estava às suas costas, pois aquela voz lhe clamava até mesmo quando ele estava em seu quarto brincando com um carrinho. E aquele vaso branco! Que sempre ria quando o menino passava serelepe. Ria e dizia "Thomás, você é um intruso". Ele não escolhera aquele vaso. Aquela casa não era a dele. A única solução que achou foi quebrá-lo aos pedaços, silencia-lo de uma vez, para nunca mais ser chamado de estrangeiro em seu próprio território. E soluçava sentado no meio fio, porque na verdade sentira falta. Aquele vaso era seu único amigo. E agora que tinha sido varrido para longe, tudo que lhe restara era a voz "Quero ir para casa, quero ir para casa, quero ir para casa". Aquela voz, Tristeza, a melhor amiga dos garotos solitários.

Não se preocupe, Thomás, um dia você volta para casa. Enquanto isso, aguente. Sua mãe comprará um novo vaso e talvez você o quebre novamente. 

sábado, 5 de março de 2011

O Homem Invisível

Hoje assisti a um filme sensacional. Estava passando casualmente pelos canais quando caiu em algum Telecine que exibia um filme brasileiro com o título de "A Mulher Invisível". Ouvira falar das más - e das boas também - línguas que era um filme muito engraçado, mas não esperava de jeito nenhum (ainda mais sendo uma pessoa tão preconceituosa com o cinema brasileiro) de que aquele filme, a princípio bobo, me daria uma enorme lição sobre o meu próprio comportamento.
Pois bem, vamos à história. Não do filme, mas de mim mesma (egocêntrica e ultraromântica do jeito que sou). Eu nunca liguei para aquilo que os machistas que se dizem realistas falam que as mulheres prestam atenção em um homem: idade, dinheiro, carro. Primeiro, porque eu me interessava por meninos mais novos. Risca a idade. Segundo, porque eu abomino dependência financeira (o único homem que é autorizado a pagar minhas contas é o meu pai). Risca o dinheiro, os restaurantes caros, os presentes. Terceiro, porque, detesto dependência de qualquer forma, e agora tenho meu carro próprio. Risca a mercedes. Entretanto, como ser humano, eu também tinha inúmeros defeitos. Um deles, talvez o pior, era levantar barreiras. Sim, construir muralhas, afastar-me do mundo, fingir que não queria fazer parte dele. Como na lenda dos Nibelungos (também uma ópera de Wagner e minha história nórdica favorita), quando a valquíria Brunhild é colocada dentro de um círculo de fogo, e o único capaz de atravessá-lo era aquele que a tomaria por esposa - nesse caso o nome dele era Siegfried. Sim, eu esperava o meu Siegfried. Esperei por todos esses anos, achei que o encontrei e perdi, e depois percebi enfim que ele não existia. Esperei todos esses longos anos por aquele que teria coragem de atravessar o círculo de fogo. Não queria carro, jóias, dinheiro. Esperava apenas pela coragem, ou ao menos a vontade de atravessar.
Um dia eu realmente achei que tinha encontrado. Eu tive certeza. Entretanto, era apenas mais uma fábula (ainda por cima não era nada nórdica!) que eu acreditara piamente para fugir da realidade. No filme que eu vi hoje, o homem decepcionado com o amor (Selton Melon, atuação brilhante) se apaixona por uma mulher invisível que só existia na cabeça dele. E eu descobri algumas horas depois do fim do filme que eu era exatamente como o protoganista. Eu me apaixonei por uma pessoa que não existia. Alguém que eu criei, inventei qualidades e o pior, menti para mim mesma dizendo que o cavaleiro de capa azul atravessaria as muralhas porque valia o esforço trazer a donzela solitária. Porém, ao fazer isso, eu só construia mais muralhas, que me separavam da realidade. No filme, o protagonista ignora e deixa de perceber a vizinha verdadeiramente apaixonada por ele, pois distrai-se com a mulher "ideal". Ideal, não real, como depois ele vai frisar. E foi exatamente isso que eu fiz: fechei portas achando que estava as abrindo. Tudo porque eu criei um ídolo e construí um pedestal.
Mas a realidade caiu como um raio.
A estátua do ídolo foi destruída.
E as muralhas continuaram lá.
E possivelmente não existe nenhum Siegfried, pois esse já morreu nos contos nórdicos ou nas óperas germânicas, em algum lugar da Dinamarca talvez, por onde os vikings passaram, deixando um rastro de poeira.
Poeira fina que se esfarela como vento, assim como ilusão, ou como um amor a alguém invisível.

Todo filme tem um fim.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Perseverança

Há exatamente 10 anos, o tenente entrou na sala 504 para fazer um anúncio. Uma propaganda, um aviso. Era sobre a banda do Colégio Militar. As fichas de inscrição já estavam disponíveis e de acordo com ele, elas eram limitadas. Então, você, aluno, que ouvia, tinha que correr. Assim que acabasse a aula, você tinha que correr e pegar a ficha, entregar para o seu pai e fazê-lo assiná-la e então esperar. Uma das coisas que ele disse também naquele dia e repetiu pelos longos, porém breves, seis anos e meio, era que os "fracos desistiriam logo". Antes da escolha do instrumento, o aluno deveria passar 1 ano tocando flauta doce. Sí, Sí, Sí, pausa. Era entediante.Uma angústia. Um suposto desperdício. E às vezes era apenas cansativo. Mas ele já avisara, "os fracos desistiram cedo". Você quer mesmo? Então, persevere.
Alguns anos depois, veio o grupo de jovens do colégio. Embora a descrença com as instituições religiosas, vinha aquela vontade de acreditar em algo, possuir algum conceito de espiritualidade. Os encontros eram maravilhosos. A música, o violão, a cantoria, as danças. Mas então eles diziam "algumas vezes, nossas reuniões serão monótonas e você vai querer desistir". Entretanto, aquela vontade de superação, e até, algumas vezes, de sacrifício. "Perseverança" era a palavra que eles usavam. Você quer mesmo? Então persevere.
Poucas pessoas acreditavam no resultado do vestibular. Seria muito mais fácil aceitar a oferta dos pais e ir para uma faculdade particular. Mas a pública estava ali, a Educação era nosso direito e ela não podia ser paga. Se com 10 anos de idade, ao invés de pensar apenas em jogar videogame ou assistir televisão, ela fizera a prova do Colégio Militar, por que não agora? Você quer mesmo? Então persevere.
O sonho desapareceu perante as cadeiras. Aquilo não era Arte, não como ela pensava que deveria ser. A madeira degradou, aquela imagem de criatividade sumiu. E sobrou apenas a mudança que podia ser. Que talvez fosse. Todavia, novos obstáculos. A desistência de uma vida e a certeza de que assim que acabasse o período de provas, ele iria embora. Mas o futuro não estava no computador ou em desenhar móveis. Ele estava no mundo. Uma decisão precisava ser feita. Você quer mesmo? Então persevere.


Perseverança. Às vezes é tudo que você precisa.
Mas antes de tê-la, é necessário ter vontade.
Os fracos desistem cedo. Aqueles que não conseguem suportar o medo também.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

The other half

Um coração partido
dois lados opostos
de um mesmo quadrilátero

Duas histórias distintas
um ponto de convergência

Duas metades
que pertencem a pessoas distintas

E, no entanto, não sobrevivem sozinhas.

Três vidas
Duas partes
Um coração
Um problema
Um tiro no escuro.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Une nuit [corrigido]



C'est toujours décevant... les jours, la vie... je ne peux pas comprendre... alors, j'abandonne... Je suis très fatiguée. J'ai attendu toute la vie l'homme qui ne serait pas indifférent, mais de plus et plus je croix qu’il n’exsiste pas. Je n’étais qu'une personne. Seule.

A quoi aurait elle pensé ? Peut-être que le lendemain serait différent. Il pouvait dire bonjour, et parler de l'amitié. Il pouvait dire que que la dernière soirée avait etée importante e inoubliable. L'amour, c’était dispensable. Elle  n’a pas besoin d’amour. Elle amait une autre personne. Et lui aussi. Un petit peu d'affection serrait suffisant. Mais l'indifférrence... elle était cruelle.. il n'a pas posé de questions. Aucun môt. Il l'a oubliée. Il l'a ignorée.
Elle était seulement une personne. Seule.

Pauvre enfant! Est-ce que vous croyez  ses paroles? Il a obtenu sa satisfaction momentanée, c'était l'unique chose importante. Tu n’est plus rien. Il peut coucher avec toi et la prochaine semaine, il ne sent rien . Vous n’avez eté qu’une personne.  Seule.

Seulement regard comme on est seul!
c'est vraiment triste, je preferais oublier.
Damn it.. porquoi est-ce que j'ai cette bonne mémoire?


ps: agradecimentos ao meu amigo Gabriel que corrigiu aquela massa de erros ortográficos :)

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Esperança

Brotou uma flor no meio do deserto. Amanheceu um outro sol com uma luz radiante. Era um novo dia, ela sabia. Estava cansada. Tudo parecia o mesmo, embora as pessoas insistissem em uma Nova Era. O mundo da tecnologia, a globalização das idéias, as inovações no mundo da moda. E mesmo com todos os prodígios do novo milênio, ela sabia que algo não iria mudar. A pobreza, a miséria, a angústia. A Melancolia, sua companheira de horas vagas, ainda estaria ali. Telefonando-lhe nos momentos mais inoportunos, aparecendo de vez em quando, querendo tomar um café. E ainda assim, ela queria acreditar que aquele dia seria diferente. Que algo mágico aconteceria, algo novo e surpreendente: uma ligação inesperada, um sorvete com os amigos, um telegrama que seja com uma notícia boa, um reencontro casual. Algo que a fizesse acordar e rir sem motivo, abraçar alguém na rua, comer chocolate sem culpa. Mas tudo que existia à sua frente era um sol brilhante, um futuro ofuscado pela luz.
Brotou uma flor no meio do deserto. E o nome dela era Esperança.