Depois daquele dia nada mais foi o mesmo. Ele não parecia a mesma pessoa, depois que ela descobrira sua falta. Grande falta. E toda manhã, ela acordava como que com uma corda em seu coração, apertado pelos erros de alguém que não era ela. E a troco de quê? Ele telefonava, dizia onde estava. Mas quem disse que ela acreditava? Aquelas palavras viravam apenas sussurros, talvez mentiras, omissões... no fim eram de igual ilusão. E ela se reprimia. O que era a verdade, naquele instante? Perdida em um monte de cartas, um entulhos de presentes e falsas juras de amor. Ah, o amor. Esse amor bandido que nos rouba o Tempo e o calor com a juventude, e leva com ele todos os sonhos perdidos. Ele dizia que estava com os amigos. E a todo instante ela pensava e se martirizava, será que ele estava com a outra? A outra... mas quem era a outra nessa situação? Se cada uma dessas pobres almas só tinham apenas metade de um suposto relacionamento. Uma meia verdade, metade de um abraço sincero, um beijo partido ao meio, apenas o "eu te" de um "eu te amo" deflagrado pelos dias, que carregaram consigo aquela onda de paixão. Ela tinha pena da outra, que iria sofrer os mesmos ventos, que levaram consigo a paixão dos primeiros dias. Ela tinha pena, porque afinal fazia parte do outro lado do espelho. Se ele não aguentara por ela, por que aguentaria por outra? Mas era profundamente egoísta, pois não aceitava que talvez ele a amasse de verdade. Mas que Amor? Que diabos de Amor era aquele que precisava matar algo tão bonito, tão solene, deixando em migalhas alguém que um dia já fora importante. Que tipo de Amor nasce do fim de uma relação? Que tipo de Amor precisa destruir até o pó alguém apenas para poder sobreviver ao mundo de decepções que virou essa vida conjugal? Que tipo de Amor maltrata, humilha, e cresce de uma mentira sem fim, brotando da Terra? Ela não podia crer que um Amor banal e supérfluo surgira assim de sua relação desgastada. Nunca quisera admitir que aquele relacionamento tão sincero e juvenil havia se desgastado e agora era um velho em fase terminal. E ainda por cima, ele a enganara. Como pôde depois de tantos momentos alegres, tantas confidências, tantas promessas e encantos? Como conseguia ele ainda olhar em sua face e dizer que a amava com quase a mesma entonação de outrora? Era um bom ator. Essa era a única resposta para tantas questões que lhe frustravam e a impediam de confiar em outrem. Não conseguia imaginar como uma criatura, ser de Deus, pudesse ser tão cruel e fria ao cantarolar as palavras doces de manhã ao lado de seu ouvido esquerdo e sussurar "bom dia" para a pessoa que sempre estava ali, quando em algumas noites o bandido passava-as bebendo na casa de uma prostituta sem nome. Divertindo-se. Nem sempre a troco de dinheiro, essas vadias aparecem para arruinar a vida de quem seja. Procurando a paixão perdida em outros corpos que não fosse o da amada esposa, enquanto o matrimonial amor morria no café, ao desperdir-se, ao ligar o aparelho de televisão, ao desligar o telefone. Ou talvez, meus caros amigos, ele nunca estivera ali a não ser em corpo, em matéria, quando sua alma contorcida e viciada pairava longe e os pensamentos lhe fugiam. E ele queria ter o controle da situação, mas não podia.
terça-feira, 27 de abril de 2010
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Amor NÃO é Apego!
Uma das coisas que me deixa mais indignada nessa vida é quando as pessoas confundem dois aspectos muito parecidos, mas que não se correspondem, e elas fazem isso com bastante frequência. As duas pequenas confusões que elas fazem e as que eu mais detesto também são "infantilidade x maturidade" e essa minha mãe adora, e "amor e apego". Vamos no ater às definições sábias dos nossos queridos dicionários. Amar é uma coisa, apegar é outra. Não é como Amor e Sexo, coisa e tal, embora as duas diferenças sejam tão nítidas quanto um prego perdido no meio de um monte de palha seca. E eu admito que também já misturei os dois sentimentos, tão estupidamente interligados. Pois vamos separar as coisas? Ah, que legal, vamos lá! Bom, o Amor é bem difícil de definir, mas todos nós sabemos que se trata talvez de um sentimento sublime (?), algo incondicional que pode ser um romance igual aos folhetins ou uma amizade exagerada ou um carinho especial. Pode ser manifestado por um abraço, um beijo, algo maluco ou totalmente fora de controle. O desejo de alguém ser feliz. Tcharam, acho que isso é o Amor. Pois bem, o apego, na minha opinião, remete-nos aquele desejo enorme do ser humano, aquela necessidade de ter sobre controle todos os seres do universo. De estar no comando. Isso é porque o apego é uma espécie de dependência: você não larga o celular, não vive sem o computador (no caso de coisas materiais), não deixa aquela pessoa em paz, não vive sem ela... e o Apego assim vira um vilão que usa a máscara do Afeto para se fingir de bom moço. Isso é o que ele faz. Bom, durante minha viagem, eu descobri que posso muito bem ter uma coisa sem outra. Ou seja, o Amor sem o Apego. Isso sim é um desafio e uma glória. Imagine só, se todos nós amássemos - mas amássemos MESMO - o próximo, porém sem apego? Que maravilha ia ser se aquele namorado não ficasse te irritando porque você sai com suas amigas, ou sua mãe deixasse você viajar com seus amigos, ou até mesmo não sentisse tanta dor quando alguém morresse, nem se lamentasse pelo leite derramado. Que magnífico seria não ter que construir um muro de lamentações por ter deixado tal pessoa em tal lugar, e tão menor seria a saudade opressora. E então você poderia até amar o estranho da esquina, que te dá bom dia todos os dias e quando ele fosse embora, e daí?, você o ama e relacionamentos são possíveis à distâncias. Relacionamentos. Que medo essa palavra dá. E sabe por quê? Por causa das convenções sociais do apego! Porque ele pressupõe uma série de regras de conduta: não falte aniversários, não saia sem seu namorado, não faça isso, não abrace tal pessoa... ah, quero que isso tudo se exploda. Afinal, "namorado", "amigo" são só títulos bem estúpidos que as pessoas usam para seguir convenções sociais. O mundo seria bem mais feliz sem essa série de regras hipócritas que só existem para nós, "donos do universos", termos aquela pequena esperança de que sim, conseguimos controlar alguma coisa. Mas no final de tudo, não temos nada. Portanto, ame sem pretensões, sem egoísmos, e sem principalmente apego *( - e isso não é mera desculpa de quem quer pegar geral) .
E cuidado, porque o apego destrói muitas coisas.
Abraços
de uma pessoa que aprendeu a amar sem se apegar
podem ir embora mais tranquilos agora.
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Um dia como os outros
Desde pequena, eu sempre achei que o aniversário deveria ser uma data especial. Um dia para ser feliz, um dia em que ocorresse algo mágico. Mas na vida não existe nenhuma varia de condão, que faça sumir nossas mágoas, nossos medos e nosso rancor. Com o passar dos anos, minha concepção de conto de fadas foi mudando a cada dia, com uma nova decepção que destruía minhas filosofias. Não consigo mais aproveitar um aniversário como antes, não dou mais risada por nada, e manifestações emotivas não me abalam mais. Não sei explicar como isso foi acontecer, o aniversário era a data mais importante depois do Natal e nesses dias as duas têm virado dias comuns. Acho que grande parte disso é culpa da minha grande decepção com o ser humano em geral. No dia do aniversário, milhões de pessoas te dão "parabéns", mas poucas delas realmente de fato o fazem com coração. Sempre ligam aqueles parentes distantes que só falam com você nesses dias específicos e então a conversa no telefone morre sem dó ou piedade como um soldado em uma guerra de convenções sociais - isso mudou bastante, ainda bem, devido ao Orkut. E o dia inteiro parece um momento vazio de perspectivas, um dia comum em que você levanta, seus pais vão trabalhar, os amigos mais próximos te ligam para dizer a mesma coisa do ano passado e mais afastados deixam um scrap ou mandam um e-mail. A parte boa sempre vêm dos distantes. Por mais que uma pessoa pareça estar longe fisicamente, em alguns momentos ela se mostra mais presente que os que moram no mesmo bloco de você. Como foi o caso da Júlia e do Felipe, e eu nem tenho palavras para descrever. Aniversário para mim, virou apenas um motivo para fazer uma grande festa e reencontrar pessoas. O que poderia acontecer, assim, digamos, que sem motivo. Não tenho ninguém para dar o primeiro pedaço, a não ser minha família. Às vezes penso que seria melhor comer o bolo sozinha, mesmo correndo o risco de passar mal depois.
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