sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Mais um novo começo.

Não se pode afirmar com toda a certeza o que Nietzsche quis dizer exatamente com o que ele chamou de Eterno Retorno, mas já se tornou evidente que a história acontece em ciclos. Talvez seja somente mais uma escada em espiral em que os degraus são teclas de piano e toda a humanidade escala seguindo sua própria melodia para enfim chegar ao abismo que é a morte. Vai saber. A única certeza que se tem sobre a vida é o final glorioso dela, ninguém escapará. Pois mais um ciclo nessa espiral maluca acaba de se fechar e resta apenas uma coisa a fazer: olhar para os céus e desejar que a próxima subida seja menos difícil, que existam mais pessoas acompanhando, que as curvas estejam menos sinuosas e os degraus menos escorregadios e principalmente que o topo esteja longe, porque todos devem saber que no final só resta pular. Pular para o infinito, o desconhecido. E as pessoas têm um enorme medo do desconhecido, porque simplesmente não sabem o que esperar. E isso gera uma angústia. Mas não fique triste, por favor. "Escolha uma música triste e fique melhor", porque essa subida também está cheia de bemóis e sustenidos, e às vezes eles são tão bonitos que surge uma vontade inesperada de parar apenas para escutar. Aperte bem forte a mão da pessoa que está ao seu lado e não a deixe cair, aproveite cada segundo e não deixe a música escapar. Às vezes, alguém fica cansado durante a subida, mas não desista, pois também existem surpresas boas esperando. E embora pessoas desapareçam a todo instante, novos personagens irão aparecer. As nuvens que cobriam o céu já sumiram e depois da tempestade, a grama ficou tão verde que parece um quadro em um museu. E o sol voltou a brilhar sobre os destroços daquelas lembranças mal contadas, mal ditas e até mesmo mal lembradas, e o que causava dor não passa mais de um borrão em um tecido bem costurado. Porque um ciclo termina para entrar em outro e a única coisa que resta é olhar para o céu e pedir.

E estar preparado, para mais 365 dias de caminhadas, descidas e subidas, através dessa espiral maluca que é a vida.

2 comentários:

  1. Um bom texto para começar o ano.

    ps: porque a fonte está diferente?

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  2. Acho que o eterno retorno de Nietzsche não era em sentido denotativo, e sim uma metáfora para indicar que a vida deve ser vida a cada instante como se esse instante fosse se repetir eternamente. Fica ai um dos meus objetivos nesse ano.

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