domingo, 31 de maio de 2009

Solidão

No Ultra-Romantismo, "Mal do século" era uma melancolia, um estado de espírito. No meu caso, em pleno século XXI não é tanto a melancolia, mas a solidão. Não sou tuberculosa, nem escrevo tão bem quanto Álvares de Azevedo e também não espero morrer muito cedo, porém, a segunda geração com todos os seus euforismos continua sendo disparadamente a minha fase literária brasileira preferida.
A verdade é que eu sou contra uma litératura cheia de regras estéticas. Poderia dizer "chega desse lirismo comedido", mas daí então seria uma conotação modernista, e eu nem sou fã do movimento.
Para mim, a Arte foi feita para expressar aquilo que não conseguimos diariamente(odeio o Parnasianismo, tirando Via Lactea de Olavo Bilac). E isso nos remete a uma palavra assustadora: fraqueza.
Minha maior fraqueza - defeito trágico - é não conseguir me expressar direito. Quer dizer, sei falar bem, sei escrever e desenho razoavelmente, mas na hora de dizer aquilo que está dentro, uma coisa sincera, eu engasgo. Quando eu era menor, isso era pior. Poucas vezes acho que eu disse "eu te amo" pra minha família, e eu odeio quando as pessoas me pedem pra fazer isso. Com gente de fora eu consigo ser mais amável, porque não convivo todos os dias. No fundo eu tenho medo de me doar completamente e amizades são tão efêmeras. Por isso eu posso dizer que amo pros amigos, porque de alguma forma eles vão embora e eu não vou ter que encarar a verdade todos os dias. E nem vou chorar muito na despedida.
Por isso eu sempre desenhei ou escrevi, desde pequena, quando estava mal. Tentei conservar diários que não deram certo, não escrevo por períodos, simplesmente por espontaneidade. Foi no ensino médio que eu tive a grande idéia: um caderno para escrever pensamentos. Sem "querido diário" e blábláblás. Sem pressão, ou regras, ou condutas, ou "dever agir". E funcionou. Hoje, ele está guardado no fundo do meu armário.
Só o papel me consola. Eu posso estar cercada de pessoas, todos os dias, mas são todas conversas vazias. Não consigo ser o "eu" que eu sou no consciente, nos pensamentos. Preciso viajar, porque não me suporto. E no dia que eu aprender a gostar de mim, vou conseguir ser feliz com as pessoas.
Esses foram alguns dos motivos que me fizeram querer ser diplomata. Não o principal, mas um motivo forte. Quero viver longe e não ter raízes, quero ajudar pessoas com quem não tenho vínculo nenhum, quero poder não me entregar a ninguém , quero discutir e principalmente viver em paz.
E por isso, eu tranquei a faculdade e voltei pro pré-vestibular, e me estressei porque já tenho 20 anos e com 14 D. Pedro II já era imperador, e porque preciso viajar sozinha pra me conhecer e porque não conheço o exterior.
E daí, adoeci.
Mas já era doente por natureza.

domingo, 24 de maio de 2009

Porque nos esquecemos de Cuba.

Minha paixão por Cuba começou quando eu tinha uns 14 anos. Um professor de Geografia muito estimado viajara pra lá há alguns anos e sempre contava suas peripécias na sala de aula. Encantei-me com a visão que ele tinha e logo depois de um Tempo dizia ser Socialista. Nunca fui a favor da supressão da liberdade, mas eu achava que alguém miserável também não tem muita escolha nos países capitalistas. Hoje em dia, não sou nada. Sinceramente, sonho com a Utopia, mas definitivamente não sou atrelada a nenhum partido, embora minha mãe e meu irmão insistam em que eu sou uma comunista hipócrita. Sim, hipócrita porque uso Nike shox e importo-me com algumas coisas que poderiam ser desnecessárias. Mas eu nunca fui contra a Nike, apenas achava e continuo achando um absurdo pessoas(Paris Hilton!!!) gastar 1500 dólares numa coleira de cachorro! Minha mãe alega o princípio da relativadade: o que é caro pra mim, é barato pra ela. Mas convenhamos... ah deixa pra lá! O fato é que eu continue amando Cuba e admirando Fidel Castro. Eu o acho um político fantástico! E sem juízo de valor, por favor! As pessoas confundem "fantástico" com "boa" pessoa. Não estou dizendo que ele é um santo, nem sequer "flor que se cheire", mas os discursos dele são formidáveis. Sempre quis ter a oportunidade de conhecer Cuba e seu sistema peculiar e até mesmo sofrer com os cubanos o que o ocidente chama de miséria.
Enfim, outro dia surgiu uma oportunidade - de ir na área turística. Minha mãe aceitou que eu fosse no final desse ano pela CVC. O apartamento triplo era mais barato, então resolvi chamar uns amigos. Não sei o que acontece, mas meus amigos tem um preconceito terrível contra Cuba. Minha mãe costumava dizer que não iria a um país em que o presidente era um ditador "malvado". Mas peraí!!! Então por que ela iria aos EUA em plena guerra do Iraque? Democracia, democracia... no fim é uma utopia. "Miséria é miséria em todo lugar" (estava no simulado) ...
Continuando - senão vou demorar séculos discutindo sobre democracia - chamei a Paula, grande amiga minha, para fazer essa viagem e a resposta dela foi surpreendente. Pois bem, ela disse: "Prefiro ir ao Caribe" (¬¬) E eu, rindo, respondi: "Mas Paula, Cuba fica no Caribe...", e ela novamente "Mas eu queria ir numa daquelas ilhas paradisíacas!" e eu de novo "mas Paula, Cuba É uma dessas ilhas, fica perto das Bahamas e do Haiti!" e ela "ah"... Desculpe, Paulinha, pela utilização da sua imagem, mas é que essa questão dá um ótimo assunto para um texto dissertativo(UnB que o diga)...
Por que nos esquecemos de Cuba?
Na verdade, não esquecemos. Sempre lembramos de Cuba como um país miserável controlado por um ditador terrível. A mídia sempre faz questão de focar os refugiados cubanos e aqueles que morreram tentanto fazer a atravessia até a Flórida!
O que nós esquecemos é dos excelentes sistemas de saúde e de educação pública... É de que não há nenhuma criança nas ruas, é da baixíssima, desprezável taxa de analfabetismo. Esquecemos das praias bonitas (VARADEROOOO!) e do conteúdo histórico. Nos esquecemos principalmente do povo, que lutou, sofreu.
Esse é o maior problema do Ocidente: é afirmar sua cultura "democática" como superior, é esquecer de perguntar às mulheres do Islã se elas querem deixar de usar burca. É simplesmente afirmar: "nós somos os melhores, nós vamos te ajudar, porque nosso jeito é o jeito certo e porque nós vamos te salvar".
É um problema do ser humano.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Ausência

Como é estranho
Parece que foi há milhões de anos
Do mesmo jeito que entrou
Passou por aquela porta e nunca mais voltou
Ainda sinto falta dos suspiros
e das canções de Domingo
Das palavras nunca ditas
Da grama tão verde e bonita
Das coisas que fizemos
Dos poemas que não lemos
Das coisas que nunca chegamos a fazer
de tudo que não posso mais ter
Da flor que não recebi
daquilo que eu perdi
Até hoje, beijo a foto que não tiramos
Ouço amúsica que nunca cantamos
Lembro da briga que não aconteceu
Dou risada dos momentos que não tivemos
Recordo o que não vivemos
Rimando sem querer
Versos que nunca cheguei a escrever
Mas o mais estranho disso tudo
Não foi você ter sumido no mundo
Meu organismo rejeitou tanto a saudade
Que num golpe de maldade
Apagou da minha memória
A única coisa que eu queria agora
Parece que você nunca esteve aqui
Sumiu com a dor de vê-lo partir
E na mais forte essência
Eu sinto falta até da sua ausência.



Acontece que fiz esse poema no meu 2º ano do colegial. Alguns erros de Português, é óbvio, não tive paciência para corrigi-los. Não consigo fazer desse blog um diário como eu queria, não é tão fácil passar para o PC tudo aquilo que eu consigo expressar no papel(não é tão fácil extrair um PC da mochila em qualquer hora do dia), mas vou transcrever algumas coisas antigas do meu caderno e secreto e provavelmente vai ficar tudo bem. Exceto que não tenho muitos leitores, mas não faço publicidade.

Não havia feito uma dedicária para esse poema até hoje. Dedico-o agora a todos os meus amigos que foram embora, ou que não me dão mais notícias, e também aqueles que eu não soube dar o valor adequado. Inclusive, um dos que mais me fazem falta está me devendo uma versão musicalizada faz mais de 1 ano! e eu vou esperar, quando ela chegar postarei aqui pelo youtube.
Eu vi meus amigos irem embora um por um. Muita gente se mudou por ser filho de militar, outros foram pro outros motivos. Mas eu fiquei aqui. E me despedi, um por um.

Para: Alice, Carlos, Felipe, Eduardo, Felipe(outro), Luciano... etc e tal
E também para: alguns desnaturados que moram em Brasília.
Que eles estejam felizes em suas respectivas cidades.

PS: O Luciano me ligou da Austrália no dia do meu aniversário.
Duas das minhas melhores amigas (desde a 5a serie) nem me telefonaram, nem sequer me deixaram um scrap!!!!! [nota de ultraje]

sábado, 9 de maio de 2009

Lack of trust



Uma imagem vale mais do que mil palavras?
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