No Ultra-Romantismo, "Mal do século" era uma melancolia, um estado de espírito. No meu caso, em pleno século XXI não é tanto a melancolia, mas a solidão. Não sou tuberculosa, nem escrevo tão bem quanto Álvares de Azevedo e também não espero morrer muito cedo, porém, a segunda geração com todos os seus euforismos continua sendo disparadamente a minha fase literária brasileira preferida.
A verdade é que eu sou contra uma litératura cheia de regras estéticas. Poderia dizer "chega desse lirismo comedido", mas daí então seria uma conotação modernista, e eu nem sou fã do movimento.
Para mim, a Arte foi feita para expressar aquilo que não conseguimos diariamente(odeio o Parnasianismo, tirando Via Lactea de Olavo Bilac). E isso nos remete a uma palavra assustadora: fraqueza.
Minha maior fraqueza - defeito trágico - é não conseguir me expressar direito. Quer dizer, sei falar bem, sei escrever e desenho razoavelmente, mas na hora de dizer aquilo que está dentro, uma coisa sincera, eu engasgo. Quando eu era menor, isso era pior. Poucas vezes acho que eu disse "eu te amo" pra minha família, e eu odeio quando as pessoas me pedem pra fazer isso. Com gente de fora eu consigo ser mais amável, porque não convivo todos os dias. No fundo eu tenho medo de me doar completamente e amizades são tão efêmeras. Por isso eu posso dizer que amo pros amigos, porque de alguma forma eles vão embora e eu não vou ter que encarar a verdade todos os dias. E nem vou chorar muito na despedida.
Por isso eu sempre desenhei ou escrevi, desde pequena, quando estava mal. Tentei conservar diários que não deram certo, não escrevo por períodos, simplesmente por espontaneidade. Foi no ensino médio que eu tive a grande idéia: um caderno para escrever pensamentos. Sem "querido diário" e blábláblás. Sem pressão, ou regras, ou condutas, ou "dever agir". E funcionou. Hoje, ele está guardado no fundo do meu armário.
Só o papel me consola. Eu posso estar cercada de pessoas, todos os dias, mas são todas conversas vazias. Não consigo ser o "eu" que eu sou no consciente, nos pensamentos. Preciso viajar, porque não me suporto. E no dia que eu aprender a gostar de mim, vou conseguir ser feliz com as pessoas.
Esses foram alguns dos motivos que me fizeram querer ser diplomata. Não o principal, mas um motivo forte. Quero viver longe e não ter raízes, quero ajudar pessoas com quem não tenho vínculo nenhum, quero poder não me entregar a ninguém , quero discutir e principalmente viver em paz.
E por isso, eu tranquei a faculdade e voltei pro pré-vestibular, e me estressei porque já tenho 20 anos e com 14 D. Pedro II já era imperador, e porque preciso viajar sozinha pra me conhecer e porque não conheço o exterior.
E daí, adoeci.
Mas já era doente por natureza.
nay,
ResponderExcluirvc n tem que se comparar com ninguém; o tempo é mt relativo; imagine,há pessoas q entram na faculdade com 80 anos!!! é impressionante,mas imagine a dificuldade p/ assimilar matérias nunca vistas antes. vc é surpreendente,qnd penso que ja vi td´s suas facetas descubro que ainda n a conheço bem,nunca imaginei que vc tivesse dificuldades p/ se expressar. acho que tive sorte entao,pq pelo menos de minha parte acredito que consigo entende-la bem.
a pergunta que quero fazer é a seguinte: será realmente necessario se afastar de td´s que a amam e a admiram p/ se conhecer melhor?
existe uma vida inteira p/ conhecer a si propria,e fl serio, n há nada melhor do q viajar com alguem querido ao seu lado; acho q tai um dos motivos deu n ter ido p/ marinha mercante...ganharia bem,viajaria pelo mundo inteiro,aprenderia novos e diversos costumes, mas compartilharia com qm? comigo msm?
fique bem,por favor.
Bj!
Algumas coisas se tornam muito manjadas porque algum formador de opinião usa em alguma música ou diz em algum marcante. Por mais que seja manjado, a frase da música (que é um plágio escancarado) Filtro Solar que diz "As pessoas interessantes que eu conheço ainda não sabem o que vão fazer da vida delas" se aplica a muitas pessoas que eu conheço. Por mais que você esteja em dúvida, você simplesmente deixou uma porta encostada e abriu várias outras (outra frase bem manjada). Mas, falando sério, se nós pararmos de procurar o que nos faz feliz ou até maneiras de procurar manter a felicidade, estamos desistindo do nosso principal motivo para viver.
ResponderExcluirAcho muito interessante a maneira com quer você fala da solidão. Da sua solidão. A maneira que você mostra a questão do apego nas suas relações é fascinante. O estou doido para encontrar com você para falarmos mais sobre isso.
Quando eu estava nos EUA, eu escrevia demais! Adorava meu Blog. Acho que um blog, um diário ou até tocar um instrumento musical pode ser algo extremamente libertador, tranqüilizante e ainda previne o Stress, hehehe.
Adorei a sua escrita. Vou visitar sempre o seu Blog. Bjus. ATé.
Em qualquer lugar, em qualquer tempo, acho que toda pessoa que sente e pensa acaba nessa melancolia, ao se ver em um mundo que não dá pra entender perfeitamente. Nossa capacidade de conhecer é tão limitada, que ficamos atônitos até mesmo diante do nosso próprio ser. Emudecemos ante nossa própria complexidade.
ResponderExcluirÉ complicado demais codificar e exprimir o que se passa dentro de nós. É realmente complicado mostrar o que se passa no íntimo de cada um e ficamos vulneráveis quando fazemos isso. Talvez seja por isso que é mais fácil dizer "eu te amo" a um amigo, que só nos conhece aos poucos e devagar, do que aos nossos familiares, que todos os dias vêem nossos vícios e fraquezas.
Finalmente, acho que você é muito corajosa em correr atrás do que quer, não importa a idade. Gostaria de ser tão bravo quanto você.
John, o Lobo disse tudo. Nossa inteligência humana, na segurança que nós vivemos (não, na 'luta pela vida' não há filosofia) nos joga num mar de confusões e desalento.
ResponderExcluirMas o outro dia amanhece e tudo fica azul de novo (com sorte).
"Nós somos, sobretudo o que fazemos, o resto é pensamento e solidão..." hahaha, escrevi no meu orkut, uma vez. E é verdade.
Pode desabafar aqui com essa página (ou com os amigos também).
Mas além disso (e como eu sei que vai acabar fazendo...) FAÇA.