domingo, 21 de junho de 2009

XI - Tempestade e explosão de sentimentos.

"Há muitas pessoas no mundo. Tantas que nem sei o número correto. E a cada momento, surge mais um ser humano. Algumas dessas pessoas são bonitas, inteligentes e interessantes. Outras são modestas, felizes e sorridentes. Existem inúmeros tipos de pessoas e diversas combinações de características. Positivas ou não, essas características somada com as experiências vividas são o produto de um ser humano. Entretanto é difícil explicar o que nos faz escolher uma só entre essas várias pessoas que existem. E mesmo limitando a quantidade ao meio, como, por exemplo, alunos de uma escola qualquer, o número ainda é grande. Não adianta ser o mais bonito ou o mais esperto, simplesmente existe uma espécie de força que atrai uma pessoa ligando-as acima de qualquer outra circunstância. E esse fenômeno, que eu costumo chamar de Amor, é muito raro.
Algumas pessoas se iludem com o verbo “gostar”. É muito fácil gostar de sair com alguém ou estar com aquela pessoa. Muitas vezes, os namorados acabam confundindo e dizendo “eu te amo” quando apenas gostam. E no final pode gerar uma decepção. Mas o Amor implica em muito mais do que apenas conversas ou idas ao cinema. É difícil explicar e só quem viveu vai entender isso. Amar é um elo entre duas pessoas, algo inseparável que vence até mesmo a morte. É uma ligação, como quando você sabe que essa pessoa está mal ou quando você sente essa pessoa por perto. Simplesmente a pessoa está dentro de você, não importa a distância. Vai além do físico. Não existe dor, não existe desistência, não importa quanto obstáculos. Geralmente, os Homens ligam o amor ao físico, mas quando você ama alguém não precisa de mais nenhuma pessoa te satisfazendo. Você olha os rostos e só quer ver um. No começo parece insano, uma paixão louca. Mas logo quando ameniza, o sentimento se solidifica e o casal fica impressionado com o quanto precisam um do outro, mesmo que as coisas não tenham a mesma graça de início de namoro.
Parece demasiado piegas, mas quem já amou sabe que esse sentimento é algo sagrado e imaculado. Peter e Blenny se amavam, mas de jeitos diferentes. Ele queria viver para ela, em função dela. Ela achava que cada um deveria ter sua vida e queria ser independente. Porém, da maneira deles, eles se completavam. Pareciam duas peças que se encaixavam de tal jeito formando algo formidável. Mesmo quando estava sozinha, Blenny sentia Peter do seu lado como um anjo da guarda. Os dois davam e pediam conselhos e raramente brigavam. Não era uma união exatamente estável, porque Blenny tinha seus conflitos filosóficos. Eram muito felizes e pareciam apaixonados. Aos poucos, essa paixão foi manifestando-se fisicamente em pequenos beijos, abraços e “andar de mãos dadas”. E aí surgiu um pequeno problema. Os outros alunos da escola começaram a notar o envolvimento dos dois, e como Peter era bem popular, não faltaram comentários nem especulações.
_ Você viu com quem Peter estava ontem?
_ Eu não acredito que eles estão juntos!
Diziam as meninas no pátio. Blenny odiava aqueles murmurinhos, mas tentava não se importar. Já Peter ficava cheio de indagações acerca dele mesmo.
_ Mas e aí? Vocês estão namorando mesmo? – perguntava a curiosa Catharina no intervalo.
Peter parecia em dúvida, com um rosto levemente preocupado.
_ Na verdade, eu não sei... não fiz um pedido formal, e quando eu toco no assunto, ela meio que... foge... não entendo.
_ Ah, vai ver ela ainda está meio sem graça com tudo isso. Ainda mais que a escola está toda comentando sobre vocês dois.
_ Catharina, desde quando Blenny se importa com que os outros falam? – indagou Peter com sinais de impaciência.
_ Eu não sei... só não vejo porque ela não iria querer namorar com você...
_ Vai ver ela só me vê como um amigo...
_ Tá brincando né? Você não a viu naquela festa em que você estava com a Gabriela? Ela estava morrendo de ciúmes.
_ Não sei não... - fez uma pausa e uma cara pensativa - E também não me acho merecedor.
_ Como não? Tantas meninas correndo atrás de você...
_ Catharina, um dia acho que você vai entender. Blenny não é como qualquer uma dessas meninas, sabe? Ela não se preocupa com futilidades e acima de tudo, ela é boa. Tem a alma mais bonita que já senti e não sei, de algum jeito ela é especial. Não sei, o jeito como ela anda, fala... ela é diferente. Completamente diferente. Acho que me apaixonei desde o primeiro minuto, mas tinha medo de confessar. Não sei. De algum modo, ela é sincera e transparente.
_ Peter, você é maluco! – respondeu Catharina com uma risada. Não entendia e tinha inveja da amiga.
_ Logo se vê que você nunca amou, Catharina. Mas um dia você vai me entender. Essa “coisa” é muita rara. Acontece poucas vezes na vida e devemos aproveitar quando ela surge. Essa “magia”...
_ Isso é coisa de filme!
_ Não, isso existe. As pessoas é que acabam se ligando à frivolidades e esquecem de aproveitar o Amor... o Amor, Catharina! Quando ele surgir, não jogue fora por uma besteira. Não o despreze porque se acha nova e quer “aproveitar a vida”. Aproveitar a vida não é sair com muitas pessoas ou ir a festas! É estar com que você gosta. Nunca esqueça disso. O Amor é...
E antes que terminasse a frase, Blenny surgiu entre as multidões com uma série de cadernos e de um jeito bem atrapalhado.
_ ...e Julieta é o sol! – exclamou Peter para a menina que derrubava as folhas, beijando-lhe uma das mãos.
_ Como sempre engraçadinho! – disse Blenny"


(Capítulo XI "O Refúgio das Borboletas", que é a minha alma)

Nenhum comentário:

Postar um comentário