Tinha o garoto da parada de ônibus, que sempre chegava com a fumaça do seu cigarro no vento gélido da manhã. Quem fosse julgar, diria que não era um dos típicos garotos bonzinhos, mas podia ser tão doce quanto um brigadeiro feito com carinho. Todo dia ele fazia os mesmos passos, e despedia-se em uma esquina com um "have a nice day" que valia pelas 10 horas de vôo.
A melhor amiga que sempre esperava no outro prédio e estava presente nos melhores momentos, embora não a conhecesse a 10 anos, às vezes fazia cumpria seu papel melhor do que as que conheci a vida inteira.
A criança mais bonita do mundo, dotada de uma doçura cativante. Com a mãozinha pequena apertava a minha e caminhávamos juntas lado a lado. E sempre esperava ao lado em seu banco terminar a refeição para que pudéssemos colorir um mundo que só eu e ela achávamos que existia.
O irmão adotado que parecia um maluco e chegava sempre atrasado. Mas ele sempre estava lá.
E o mais bonito do mundo, com seus olhos verdes feito água, e seu jeito solitário, sentado no banco de um seabus, voltando para casa da Universidade, em que cursava Filosofia.
Se pararmos para prestar atenção nas pessoas, vamos achar um milhão de coisas que gostamos nelas, mesmo não as conhecendo direito ou nem falando com elas. Basta observar.
Infelizmente, nesses últimos dias ando descobrindo mais coisas de que não gosto.
Falta aquela coisa especial que se encontra no dia a dia e faz a rotina valer a pena.