terça-feira, 27 de novembro de 2012

Aquilo que deveria ser dito.

Dizem que há aquilo que não volta... a pedra lançada e a palavra dita são dois exemplos comumente enunciados. No entanto, há aqueles que se esqueçam de outro exemplo de muita relevância: a oportunidade perdida.

A oportunidade perdida é como um fantasma de alguém querido: está sempre às sombras dos eventos mais inusitados, surgindo à memória a cada momento, como uma assombração que não desiste de lembrar que ela passou. Há uma mistura de carinho, de apego, e simultaneamente de medo. Medo de admitir que ela se perdeu ou medo de considerar que ainda há uma chance e que é necessário ir buscá-la.

E da mesma forma que a palavra dita, em grande parte dos casos a palavra não dita também não volta. Mas ela consegue ser ainda pior: ela se desmancha em letras espalhadas na superfície do córtex da alma, como algo engasgado, que não consegue ir, mas não consegue ficar. Ela consegue ser ainda pior do que a palavra dita, porque a todo instante ela faz questão de lembrar que poderia ter sido diferente.

A palavra não dita incomoda tanto quanto a oportunidade perdida. E, algumas vezes, como se elas gostassem de companhia, andam juntas, de mãos dadas. Importunando e afirmando, em alto bom som, que apenas não poderia, quanto deveria ser diferente.

Deveria ser.
E aí você pode lembrar que ainda está vivo, que ainda pode dizer o que não disse, e que a oportunidade ainda está lá, mesmo que longe.