sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O último de 2010

Se eu fosse descrever o ano de 2010 em uma palavra, essa seria greve. Sim, greve. Mas não greve em seu sentido estrito. Greve por si só não é o problema, nem a solução. São suas consequências. Talvez uma palavra melhor fosse decepção, uma vez que 2010 começou maravilhoso e promissor e decaíu como uma estrela cadentes. Uma curva decrescente em mais um gráfico de estática. Ou então, talvez eu fosse otimista e escolhesse metas, porque em 2010 eu cumpri quase todas da lista, o que foi realmente surpreendente. Mas não sei. Ficou faltando algo. Como aquele doce que está bom, mas não é especial. Como aquela cidade que é bonita, mas não tem nada demais. Como aquela festa que deu tudo certo, mas foi como o esperado. Como uma carne gostosa, mas sem tempero. Isso foi 2010. Sem contar as pessoas queridas que morreram. Próximos, amigos de amigos, avós, colegas, conhecidos... 2010 tinha tudo para ser o filho prodígio, mas em algum momento ele se perdeu e foi para um caminho escuro, solitário, sem fim. Foi bom, mas sempre com a esperança de ser melhor, uma esperança não alcançada. No geral, não foi ruim. Mas não foi magnífico também. Foi apenas 2010, com seus choros, lamentos, sorrisos, lágrimas, abraços, despedidas, viagens, pessoas... Minha maior expectativa para 2011? acabar de ler uns livros e ler o máximo que eu puder.

Livros lidos em 2010:
1 - "O Cavalo e o Menino" (série As Crônicas de Nárnia) - CS Lewis
2 - "Príncipe Caspian" (série As Crônicas de Nárnia) - CS Lewis
3 - "Interview with the vampire" - Anne Rice
4 - "A Cabana" - William P. Young
5 - "The Time Travellers Wife" - Audrey
6 - "Noites Brancas" - F.Dotoiévski
7 - "O Dia do Curinga" - Jostein G.
8 - "A Escolha dos Três" (série A Torre Negra) - Stephen King
9 - "Vestido de Noiva" - Nelson Rodrigues
10 - "O Choque de Civilizações" - Samuel P.H.
11 - "NYC Rock: Rock'n'roll in the big Apple" - Mike Evans
12 - "Club Dead" (série Crônicas de Sookie Stakhouse) - Charlaine Harris
13 - "O Jogo do Anjo" - Carlos Z.
14 - "Pride and Prejudice" - Jane Austen
15 - "Os Deuses da Guerra" (série O Imperador) - Conn Igulden
16 - "1984" - George Orwell
17 - "Don Juan" - Molière
18 - "Cândido ou o Otimismo" - Voltaire

Bom, li pouco, como vocês podem ver, mas apreciei cada leitura, especialmente 1984 e Pride and Prejudice. Também fiquei muito contente de finalizar a série O Imperador, sobre Júlio César.

Feliz Ano Novo :)

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Nesse final de ano, um brinde aos amigos que nos abandonaram

Eu sempre idealizei as coisas passadas. Talvez não soubesse valorizar o presente ou o futuro não se mostrasse tão palpável. Mas queria o passado. Não só queria, como o desejava. Como alguém à beira de um colapso em um deserto. Alguém que trocaria todos os diamantes do planeta por uma jarra de água. Uma necessidade momentânea, um lapso de felicidade. Nas memórias ofuscadas por uma alegria efêmera. O desejo altera as lembranças, e as lembranças mudam o juízo de valor.
E talvez fosse por isso, esse desejo de iludir-se, que eu sempre acreditei nas amizades antigas.  E as mensurava através da contagem dos anos, da quantidade de momentos em conjunto, e principalmente daquelas saudáveis lembranças, que mal sabia eu, corroíam minha alma pelo avesso.
Mas os anos passam, as fotografias amarelam com a poeiram ou então perdem-se nos confins do baú da memória. Os detalhes não sobrevivem à morte de alguns neurônios, ao envelhecimento da massa cerebral. E com elas, se vão os vínculos. Algumas amizades persistem através de épocas devido aos vínculos eternos do estar junto, do gostar de estar. Outras infelizmente desaparecem com a troca de telefone, a mudança de cidade ou de país, os desencontros da vida. E ainda existem aquelas que sobrevivem, como um pobre ser morimbundo, às sombras daquilo que algum dia foi mas não existe mais. E você quer que exista. Você quer, porque sente que as lembranças são como um manto opressor. Elas estão ali, fiscalizando se você ainda almoça com aquela pessoa, se ainda conversa com ela, e te obrigam a ligar naquele aniversário,a aparecer com o melhor presente que você possa dar, a estar presente. Quando na realidade não existe mais nada. Nada além de um passado que já foi embora.
E a cada encontro, os mesmos assuntos: aquele dia em que fizemos, aquela viagem que tivemos, os doces dias daquele verão... e todos os pronomes demonstrativos que só demonstram a quantos anos aquilo foi. Não é mais. Não há nada no presente além das lembranças que insistimos em resgatar.

Por isso, proponho um brinde a todos aqueles que não fazem mais parte das nossas vidas, mas que insistem em estar presentes apenas em corpo e memória, como um passado nostálgico que insiste em nos lembrar que existiu. Mas não existe mais.
Que eles não atrapalhem nossos futuros e não subjulguem nossos presentes, que nos deixe encontrar novas amizades, para formarmos assim um futuro diferente.

tim-tim