terça-feira, 23 de março de 2010

Malajube

"A música está por todo lugar, basta escutar."

Apesar dos dias vazios, eis algo que me faz sentir como se eu não estivesse tão oca assim como é a vida, puro delírio psicótico e ilusionista. Mas o que é a realidade senão um conjunto de ilusõe formentados por um caleidoscópio de cores? Sempre gostei de todo tipo de Arte, mas não aquela que se vê nas linhas milimitramente projetadas, não aquela que está presa ao Mercado de Trabalho, aos mandamentos estéticos, ao dinheiro... e foi por isso que eu, sentindo-me aprisionada pelo sistema, saí do meu antigo curso. Para mim, a maior Arte está nas ruas, nas esquinas e principalmente no coração. E é por isso que dedico esse post a uma das bandas que simplesmente me fazem sentir. Porque na falta de poesia, que venha a música.


Malajube é uma banda de Montreal, que abriu o show do The All American Rejects quando eu estava no meio da chuva e perto do palco em Whistler, com meus dedos por baixo do moletom, congelando e feliz da vida.

sábado, 20 de março de 2010

Something's missing

Os dias não são tristes, nem alegres demais. Não são melancólicos como uma paisagem byroniana ou românticos como as palavras doces e ásperas de Shakespeare. Uma música de perfeita estética, mas que no fundo não lembra nada. Uma paixão que não causa arrepios ou apertos no coração. Eu acordo e faço e o que tenho que fazer. Todos os dias. E ainda todas aquelas questões mal resolvidas que ficaram enterradas como uma cápsula do Tempo de erros, versos e reversos. Desencanto. Uma página de um conto que não é de fadas, uma crônica sem graça. E todos os dias os mesmos sorrisos para as mesmas pessoas no mesmo corredor. As conversas de sempre. As árvores de sempre. Sem emoção como esse texto. Sem desespero. Entretanto, parece que falta o ar e ainda assim insiste em viver como uma minúscula gota caída do céu e despedaçada na Terra. Sobrevive. Mesmo com todas as circunstâncias, a vontade de viver existe, infinita como as estrelas ou o céu ou o universo desconhecido. E ainda sim, falta alguma coisa. Algo que nem eu sei explicar com minhas humildes palavras. Falta alguma coisa. Algo que me faça querer escrever versos. Porque eu preciso de poesia na minha vida.


sexta-feira, 12 de março de 2010

Na parada de ônibus

A brisa gelada soprando, a rua vazia, o asfalto escuro. Os pingos de chuva eram tão finos que mal se percebia que estava chovendo. Mas estava. Sempre estava. As gotas brilhavam na vegetação verde, obscurecida pela camada de nuvens que escondiam o sol. Ao longe, um vislumbre da montanha, coberta de neblina semelhantes a algodão doce tão inconsistente que derrete com o toque quente da mão. Assim como os relacionamentos passageiros dessa vida. Ouviam-se seus passos, enquanto caminhava em direção à escola. Usando meias até os joelhos, e uma saia bem no estilo colegial. A mochila pesada pendurada nas costas. Passava pelos postes como ao despedir-se da luz da vida. E parecia que seus momentos possuíam música própria. Ou então eram os fones que carregava nas orelhas: seus melhores amigos. Ia cantarolando uma canção dos Beatles, enquanto sua vida passava em um relâmpago. Os pingos ficavam mais grossos e o frio cortava sua face. Mas quem disse que ela se importava? Aqueles dias eram os melhores. Atravessava a rua, como quem passa sem dar importância. Às vezes os momentos mais importantes passam despercebidos e nós só percebemos quando atravessamos a rua. E então, só resta olhar para trás. Para as estradas vazias e o dia escuro. Esperava sempre na parada de ônibus por uma salvação, alguém que tirasse aquela maldita rotina de que tanto gostava. Ou se acostumara. É difícil distinguir, a linha que separa o Amor do Costume em algumas situações é muito tênue. E então, só restava esperar.  E dançar. Dançar para afastar o frio e a dor.  Para um lado e para o outro, como o pêndulo de um relógio que nunca deixa de funcionar. Como as vidas que se separam e se unem novamente em um novelo confuso de caminho. E era tanta a dor que só dançando e estalando os dedos daquele jeito, ela podia esquecer. Ou amenizar. Tudo depende de um ponto de vista, um ângulo de um polígono, um número, uma frase, uma mente desmedida. Naquela hora exata,  quase sete e quarenta e cinco, para ela era madrugada, ele surgia sempre com seus passos tranquilos irritantes. E aquele sorriso singelo como quem diz 'bom dia' silenciosamente. Ela parava, constrangida. Os raios de sol brigavam com as nuvens, e os dois pareciam assim opostos. Ele escutava a própria música, vivia no seu compasso. Sozinho. Balançava a cabeça como se estivesse envolvido, sem perceber o mundo em volta. Parecia que só existia ele e o ônibus que estava por vir. Já ela, observava todos os traços perfeitos que pareciam escultura, militramente projetados para serem centrímetos por centrímetros perfeitos, como um desenho repleto de linhas feitas com tal desenvoltura que Da Vinci teria inveja. Ela sentia que ele era solitário. Coitado, ali parado, sem receber nenhum telefonema. Ou então compadecia-se de sua própria solidão, pois desse jeito podia sentir a auto-piedade que tanto detestava sem se culpar. O pé dele mexia-se para cima e baixo conforme o ritmo da música que ele escutava. E tudo que ela queria era perguntar-lhe que música escutava. Entretanto, ele nunca notou essa ansiedade brutal que a aprisionava, tão concentrado que estava em seus sentidos. Porque às vezes a vida passa e nós só percebemos quando já estamos na parada de ônibus. Esperando.

domingo, 7 de março de 2010

Lar, doce lar.

Qual o verdadeiro significado da palavra "lar"? Um lugar, as pessoas, o ambiente em geral? Muitos nem ao menos sabem o que pode ser chamado de lar. Deixou já muito de ser aquela imagem pré-formatada de uma casinha bem pintada, decorada, com uma família estruturada nos moldes do american way of life: a esposa obediente, o pai trabalhador e os filhos perfeitos. Quem tem isso hoje em dia?

Bom mesmo é carregar o lar dentro da mochila, presenciando cada dia um novo começo, um novo caminho, "um novo sol".

Voltei ;D A viagem foi inesquecível, mas agora tenho muita coisa para fazer. Fim das férias, monitoria, coordenadoria, aulas. É isso aí.